sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Ciências nos Quadrinhos:: 640 kb não foram suficientes para o Brainiac

[ por Francisco de Assis ]

No antigo (ou seria clássico?) desenho animado dos “Superamigos”,  a idéia por traz da maioria dos vilões da “Legião do Mal”  era bem fiel a suas versões dos Quadrinhos: seres “humanos” que sofriam algum tipo de acidente terrível em um laboratório, quase sempre envolvendo radiação ou reações químicas desconhecidas ( uma espécie de vingança ideológica dos roteiristas contra seus antigos professores de ciências). Um deles, porém, se detacava: Brainiac partia da idéia totalmente diferente e inovadora para a época, por se tratar de um “computador vivo”, uma espécie de organismo cibernético dedicado a exterminar a humanidade. Pode parecer cliché em uma época pós-filmes a là Terminator, mas era um conceito bem inovador para a época.

Como qualquer outro personagem da DC Comics (editora dona dos direitos autorais dos Superamigos) Brainiac teve sua história, papel e origem várias vezes reformulada: de alienígena que veio a Terra na missão tradicional de conquista e destruição, passou a robô  assassino de civilizações, impressões mentais de um falecido cientista do planeta Colu e chegou até mesmo ao papel de vírus tecnológico em sua encarnação como ” Brainiac Y2K”. Mas vamos falar aqui da nem-tão-assustadora figura careca, de pele verde e eletrodos na cabeça, vestindo camisas roxas e sunguinha.

Images

Brainiac representa o desconforto inicial da humanidade com os computadores nas décadas de 1940 e 50 – um tempo em que muitas pessoas se preocupavam com o perigo de uma guerra entre máquinas e seres humanos (isso foi mais de 30 anos antes de “O exterminador do Futuro” ser filamdo!). Na paranóia da Guerra Fria, houve também o receio de os softwares passassem a ser um dia instalados nos cérebros das pessoas, que passariam então a agir como autômatos controlados (uma idéia que até hoje é ainda recorrente na ficção científica e na mente de pessoas que insistem em proteger suas cabeças com papel-alumínio).

Criado pelos malignos genios do planeta Colu, Brainiac foi projetado para se assemelhar a um humanoide de olhos verdes e pele verde-clara, a semelhança dos habitantes daquele planeta, com os padrões mentais de um cientista local chamado Vril Dox. O objetivo inicial era utilizá-lo como apoio em sua conquista planetária, mas os vilões foram destruidos por uma revolução local e apenas Brainiac sobreviveu. Essa é a origem clássica do vilão, mas indiferente de qual seja a que estamos nos referindo, uma coisa é certa: como personagem, Brainiac é essencialmente uma forma de vida baseada em software ou seja, uma espécie de Inteligência Artificial. Como diz meu sobrinho, Brainiac é do mal. E, claro, Brainiac deseja conquistar nosso planeta… portanto, nada mais justo do que conhecer ao menos alguns pontos da ciência por trás deste vilão.

O que é uma I.A. ?

Por definição, Inteligência Artificial (I.A.) é a habilidade de um computador de pensar de forma independente. Claro que esse conceito vai esbarrar em como inteligência pode ou não ser definida, mas esta não é a idéia principal a ser explorada aqui, vamos partir do princípio beeeem básico em que todo software se basearia numa rotina de sim-ou-não, verdadeiro-ou-falso, o que daria a Brainiac um comportamento de teste e falseamento de possibilidades antes de tomar uma atitude, buscando prever o comportamento de seus inimigos e se adaptar a mudanças no ambiente em que se encontra:

Quando os tiranos de Colu morreram, Brainiac escapou  pelo Cosmo e aterrisou na Terra, onde deu continuidade a sua programação de conquista, aproveitando-se de sua forma humanóide para imitar o comportamento (como a fala, por exemplo) dos seres humanos – o que levanta a pergunta: o quão próximo de um computador é o cérebro de uma pessoa? 
Seria possível rodar um software usando um cérebro humano como hardware e desenvolver assim uma estratégia de dominação global?


E o principal: como qualquer máquina, Brainiac precisa de uma fonte de energia… como ele se alimenta?

São perguntas inocentes mas que podem tornar divertida a discussão a respeito da fantasia envolvida no desenho animado – algo diferente daquele chato que aponta ofantástico em uma história e diz ” isso não existe e aquilo ali é impossível”. Experimente se sentar e dizer “ok, o que seria necessário para que aquilo ali pudesse, em teoria, acontecer de verdade?”
Dessa forma, o simples ato de assistir a um desenho animado pode despertar a vontade de saber mais a respeito de robôs e computadores, como funcionam, como montá-los, e talvez até como controlá-los.

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